terça-feira, 2 de novembro de 2010

Ações judiciais: estratégia da indústria farmacêutica para introdução de novos medicamentos

Publicaram recentemente um estudo descritivo que analisou processos judiciais cadastrados no sistema de controle judicial do Estado de São Paulo, gastos realizados com o atendimento às ações judiciais e gastos totais de medicamentos: Rev Saúde Pública 2010;44(3):421-9

Em 2006, foram gastos 65 milhões de reais pelo estado de São Paulo com o cumprimento das decisões judiciais para atender a cerca de 3.600 pessoas. O gasto total em medicamentos foi de 1,2 bilhão de reais. No período estudado, foram analisadas 2.927 ações, que foram ajuizadas por 565 agentes, dos quais 549 eram advogados particulares (97,2% do total de agentes). Os medicamentos solicitados nas demandas judiciais analisadas foram prescritos por 878 médicos diferentes. Ao analisar o número de ações ajuizadas por advogado, observa-se que 35% das ações foram apresentadas por 1% dos advogados.

Os dados das ações com os medicamentos classificados pelo seu fabricante mostram que poucos advogados são responsáveis pela maioria das demandas judiciais desses medicamentos. A observação de que mais de 70% das ações ajuizadas para certos medicamentos são de responsabilidade de um advogado pode sugerir uma relação estreita entre o advogado e o fabricante do medicamento.

O trabalho serve para reforçar a idéia de que a questão da interferência da indústria farmacêutica é muito mais ampla e não pode ser resumida em "médicos e big pharma". Soluções, da mesma forma, têm que ser sistêmicas.

Outras informações sobre o tema eu vinha postando em http://www.campanhaalerta.com.br/.

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